Proteção Civil
Riscos da Cidade
Caracterização e Avaliação de Riscos
Qualquer fenómeno natural ou resultante da atividade humana pode desencadear situações de risco, sendo este definido como a possibilidade de ocorrência inesperada de determinado acontecimento indesejável, expondo as comunidades a consequentes perdas de vidas, bens e/ou à degradação do meio envolvente.
A mitigação dos seus efeitos passa por uma cultura preventiva com identificação de riscos potenciais, cálculo da probabilidade de ocorrência e dos danos causados.
No caso de Lisboa estão identificadas as seguintes situações de risco:
A suscetibilidade da cidade a episódios de inundação está associada à ocorrência de precipitação intensa, com efeitos agravados em períodos de preia-mar, à natureza geológica, ao tipo de relevo e ao elevado índice de impermeabilização do solo.
A Carta de Vulnerabilidade a Inundações foi elaborada com base nos valores de precipitação extrema fornecidos pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), georreferenciação dos pedidos de socorro por inundação e intervenções da Brigada de Coletores, bem como na análise de notícias de imprensa.
A avaliação do grau de suscetibilidade à inundação teve em consideração as seguintes variáveis:
- Efeito de maré direto
- Declive
- Grau de permeabilidade
- Hidrologia
- Existência de obras de arte de engenharia
- Rede de saneamento
Recorrendo ao desenvolvimento de diversos cenários, foi possível estimar o comportamento da cidade face à ocorrência de inundações e identificar as principais áreas críticas, informação que assume uma importância vital e estratégica para o planeamento e gestão de emergência uma vez que permite definir os locais de intervenção prioritária.
Os desastres naturais mais frequentes na cidade são geralmente resultantes de condições meteorológicas adversas. Nos últimos anos tem-se assistido à ocorrência, cada vez mais frequente, de episódios de precipitação intensa, ventos fortes e registo de valores extremos de temperatura, situações que interferem com o normal funcionamento da cidade.
Em termos espaciais, dada a dimensão da cidade e o número reduzido de estações meteorológicas, ainda não é possível definir um padrão de distribuição de efeitos associados a este tipo de situação.
Embora os incêndios florestais sejam, a nível nacional, o risco que gera maior preocupação, devido ao elevado número de ocorrências e danos causados, na cidade de Lisboa a realidade é bem diferente, assistindo-se, na última década, a uma redução do número de ignições e da área ardida.
De acordo com a Carta de Risco de Incêndio Florestal o grau de perigosidade de grande parte da área florestal da cidade é muito baixa, existindo apenas 0,6 ha classificados como de alta perigosidade.
Não obstante a baixa perigosidade e o reduzido número de ocorrências, Lisboa tem vindo a reforçar a sua intervenção na prevenção e vigilância, bem como no planeamento e preparação da resposta em caso de incêndio florestal.
A ocorrência de movimentos de vertente em Lisboa é um fenómeno relativamente frequente, em especial nos períodos de maior pluviosidade, mas que normalmente não adquirem grande dimensão nem produzem danos avultados. No entanto, existem relatos históricos de fenómenos de maior envergadura, como o deslizamento ocorrido no Sítio da Bica, na vertente da encosta das Chagas, na sequência do sismo de 22 de julho de 1597. A 13 de fevereiro de 1621, 24 anos depois, outro tremor de terra provocou o desmoronamento da encosta do lado de Santa Catarina, tendo a zona da Bica ganho a atual configuração em vale.
A suscetibilidade de ocorrência de movimentos de vertentes encontra-se associada a diversos fatores, entre eles a natureza geológica das formações, a morfologia do terreno e a presença ou circulação de água.
A Carta de Suscetibilidade de Ocorrência de movimentos de massa em vertentes identifica as áreas com maior suscetibilidade à ocorrência deste fenómeno. Baseou-se na informação existente acerca do comportamento geotécnico dos solos e rochas da cidade, no declive, posição do nível da água e nas situações de instabilidade conhecidas. Nela é possível observar que apenas pequenas áreas do concelho apresentam uma suscetibilidade significativa a este fenómeno.
- Acidentes graves de tráfego (aéreo, marítimo/fluvial, rodoviário, ferroviário)
- Acidentes no transporte ou armazenamento de mercadorias perigosas
- Colapso em túneis, pontes e outras estruturas
Os sismos são fenómenos geológicos recorrentes e imprevisíveis. Estas características significam que zonas como Lisboa, que já foram atingidas no passado por sismos de forte potencial destrutivo, possam vir a ser afetadas no futuro. No entanto, é possível minimizar os danos causados pelos grandes sismos como o de 1755, estudando os seus efeitos na superfície terrestre e aplicando medidas preventivas para reduzir as suas consequências, nomeadamente através do planeamento urbanístico e da aposta na melhoria da qualidade de construção.
A Carta de Vulnerabilidade Sísmica dos Solos apresenta o zonamento da cidade de Lisboa em quatro classes, de acordo com o comportamento das formações geológicas superficiais na propagação das ondas sísmicas.
Dependendo do tipo de formação geológica, um mesmo sismo irá gerar na cidade diferentes comportamentos e intensidades de danos.
A distribuição de intensidades sísmicas resultante da simulação do comportamento das formações geológicas superficiais face à ocorrência de um sismo muito forte, idêntico ao verificado em 1755, com magnitude 8 na escala de Richter e epicentro na zona do Banco de Gorringe, a cerca de 227 km de Lisboa, evidencia a possibilidade de ocorrência de intensidades de grau VII na zona ocidental da cidade, sobretudo na área de Monsanto, VIII nas zonas NW e oriental da cidade e IX, nas zonas ribeirinhas ocidental e oriental, no vale da Baixa e em alguns outros vales aluvionares, como o da Avenida da Liberdade, o da Avenida Almirante Reis, Benfica e a bacia do Lumiar.
Outro cenário sísmico que pode afetar Lisboa, menos gravoso e, como tal, classificado como um sismo forte, é o de magnitude 7.0 na escala de Richter com epicentro no Vale Inferior do Tejo, a cerca de 27 km da cidade. As consequências estimadas apresentam intensidades que podem variar entre VI, VII e VIII (Escala de Mercalli Modificada), sendo os mínimos localizados na zona ocidental da cidade, sobretudo na área de Monsanto; os de grau VII, nas zonas NW e oriental do concelho e os máximos, na zona ribeirinha oriental e em alguns vales aluvionares, como Benfica e a bacia do Lumiar.
O termo Tsunami designa uma sequência de ondas associadas ao deslocamento de um grande volume de água, quase sempre gerado pela perturbação do fundo do oceano devido a um sismo violento. Ao atingirem a costa, os tsunamis podem causar inundação e danos em áreas extensas.
Apesar de pouco frequentes, no passado ocorreram vários tsunamis que afetaram Lisboa, como por exemplo na sequência do sismo de 1 de novembro de 1755, em que a primeira onda atingiu a cidade cerca de 40 minutos após o sismo.
A faixa ribeirinha de Lisboa encontra-se exposta aos efeitos de um tsunami, principalmente a zona entre Belém e Santa Apolónia.
Com base na carta de inundação por tsunami, foi implementado em Lisboa um sistema sonoro de aviso à população, com sirenes na Praça do Império e na Ribeira das Naus que serão acionadas em situação de perigo de tsunami. Este sistema, que será complementado com sinalização dos percursos de evacuação e pontos de encontro, integra um projeto coordenado pela Área Metropolitana de Lisboa e financiado pelo POSEUR.